quarta-feira, 12 de junho de 2013

Atleta paralímpico cruza os Estados Unidos em sua cadeira de rodas

Ryan Chalmers, de 24 anos, deixou Los Angeles em abril, 'venceu' o Vale da Morte, na Califórnia, e completa jornada de 5.300km neste sábado, em NY

Não existem limites para Ryan Chalmers. Ao nascer, sua mãe logo foi avisada pelos médicos sobre sua condição. Diagnosticado com espinha bífida, uma  anomalia congênita provocada por um fechamento incompleto do arco vertebral embrionário e que ocasiona a atrofia muscular, dificilmente ele teria uma vida normal. Os médicos "acertaram". Hoje, a vida do agora atleta paralímpico é uma aventura. Prova disso é a jornada que irá completar neste sábado. Após 71 dias e 5.300 km, Ryan será recebido no Central Park, em Nova York, após cruzar os Estados Unidos, de oeste a leste, em uma cadeira de rodas adaptada.
Chalmers, de 24 anos, disputou as Olimpíadas de Londres, em 2012, pela equipe americana, e deixou sua casa no dia 6 de abril, em Los Angeles. De lá para cá, não parou. Com ombros doloridos e mãos calejadas, não pensou em desistir do feito em momento algum. Agora, será recepcionado em Nova York como um campeão da vida.
- Parar nunca foi uma opção para mim. Isso realmente se resume à razão. E eu tenho uma razão fenomenal para isso - disse o atleta, que começou a empreitada para arrecadar fundos para a instituição "Stay-Focused", que trabalha com crianças em situação semelhante a de Chalmers e que o ajudou bastante durante a infância.
Mosaico Chalmers campeão paraolímpico (Foto: Editoria de arte / Globoesporte.com) Chalmers cruzou os EUA e recebeu apoio por onde passou .
Aventura não foi nada fácil
Cumprir o desafio não foi fácil. Agora em Filadélfia, descansando para a última etapa do projeto até Nova York, Ryan passou por "perrengues". O primeiro veio logo no quinto dia. Ele teve que percorrer o Vale da Morte, na Califórnia, com grande parte do percurso com um ângulo de 95º, o que dificultou demais seu avanço.
Se não fosse o bastante, o atleta ainda teve que vencer uma tempestade de areia. Com dores nos joelhos e braços devido ao esforço extremo para continuar, Chalmers teve que aceitar o "pedido" da natureza e seu percurso foi alterado em 12 km, o que ele teve dificuldade em aceitar.
- Eu estava lutando por um longo tempo por isso. Foi frustrante, mas você fica melhor e aprende com isso. No dia seguinte, acrescentei esses quilômetros para compensar - frisa o atleta.
Cadeira de rodas chegou a atingir 105 km/h
E depois da tempestade, veio a bonança. Chalmers chegou até West Virginia, e daí em diante conseguiu percorrer até "três maratonas" por dia, ou seja, cerca de 126 km diários. Em Oakland, sua cadeira de rodas chegou a atingir incríveis 65 milhas por hora, quase 105 km/h. Mesmo assim, com a mão cheia de bolhas e pés inchados, alguns pensaram que ele desistiria.
- Você não pode querer que a vida seja fácil. Você tem que fazê-la difícil. Dia por dia, você vê o que passou, e pensa no que está por vir. E que seu corpo irá melhorar. Mas eu não tive tempo de pensar sobre essa experiência. Tantas coisas vão me bater à cabeça quando isso tudo acabar - filosofa Chalmers.
Chalmers campeão paraolímpico (Foto: Reprodução / Facebook)Chalmers cruzou o Vale da Morte, na Califórnia, em seu maior desafio .
Os últimos 138 km que dividem a Filadélfia de Nova York serão completados até o sábado, às 10h, com sua chegada no Central Park. Lá, o atleta será recebido por amigos, familiares e autoridades. Mas no fundo, sabe que é por sua causa que tudo valeu a pena.
- Espero inspirar outros a realizarem seus objetivos. É realmente um toque de cada vez, ao longo de toda a viagem - finalizou.

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