domingo, 10 de março de 2013

Fonte... Blog do Coach Pussi.


Coaracy Nunes é reeleito presidente da CBDA para o 7º, e último, mandato

Votação elege dirigente de forma unânime para o período de 2013 a 2017; Coaracy anuncia que não se canditará novamente e 'começa a se despedir'

Coaracy Nunes parque Aquático Julio Delamare  (Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)
Coaracy Nunes é reeleito presidente da CBDA pela
sétima vez consecutiva .
Coaracy Nunes Filho vai para o seu sétimo - e último - mandato à frente da Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA). A entidade que gere natação, maratonas aquáticas, polo aquático, nado sincronizado e saltos ornamentais conheceu seu presidente para o período dos próximos quatro anos (2013 a 2017) na manhã deste sábado. Coaracy foi eleito de forma unânime pelos dirigentes das 27 federações estaduais e garantiu que está se "despedindo":
- Agradeço a confiança de todos os presidentes. Vou fazer tudo para auxiliar os estados a se desenvolverem ainda mais. Estes próximos quatro anos são os meus últimos e começo a me despedir. A verdade é que já quis sair antes, mas gostaria de realizar o sonho de estar na CBDA quando os Jogos Olímpicos de 2016 acontecerem. É um sonho realizado com trabalho de muitos anos e do qual fiz parte. Foi incrível ser presidente da CBDA e agradeço do fundo do coração a cada um que ajudou neste caminho. As dificuldades, as divergências, as lutas, tudo enfim contribuiu para a maturidade da entidade, para o avanço. Vamos em frente – disse.
Coaracy Nunes está no comando da CBDA há 24 anos seguidos - desde 1988. Neste ano, o dirigente concorreu em chapa única e não teve concorrentes para se reeleger. O regimento da Assembleia Geral determina que as chapas que concorrem no pleito devem se inscrever com antecedência e ter, no mínimo, o apoio de cinco federações filiadas. A chapa "Muda CBDA" não conseguiu viabilizar a candidatura a tempo.
Além da eleição, a Assembleia prestou contas das ações realizadas, aprovou os calendários de 2013 nas cinco modalidades e debateu os projetos para o próximo quadriênio.


25 anos de Coaracy Nunes na CBDA

Coaracy Nunes – foto de Juvenal Pereira
No dia 4 de janeiro de 1984, a Folha de São Paulo destacava um conflito entre os clubes tradicionais do país e os clubes empresas que estavam começando a ganhar espaço e domínio no voleibol nacional. Era a fase Bradesco Atlântica, Supergasbrás, Banespa e Pirelli. O outro grupo representado por clubes tradicionais como Flamengo, Fluminense. Coaracy Nunes, então diretor de esportes olímpicos do Fluminense fez uma crítica pública ao Presidente da Confederação Brasileira de Voleibol, Carlos Nuzman.

No dia 21 de janeiro de 1985, a Folha publicava a criação da UNN – União Nacional dos Nadadores, uma entidade criada pelos próprios atletas durante o Troféu Brasil realizado em Campinas e que logo na sua primeira reunião anunciava o apoio a candidatura da oposição para as eleições da Confederação Brasileira de Natação.

No dia seguinte, Ricardo Prado criticou o atual estágio da natação brasileira. Pradinho estava entre os famosos atletas que fizeram parte da criação da UNN entre eles Jorge Fernandes, Djan Madruga , Patricia Amorim, Luis Francisco Carvalho. A UNN declarou que vai pedir aos Presidentes de Federações que votem na oposição. O candidato da situação, Ruben Márcio Dinard, declarou que não reconhecia a entidade por não ser um órgão oficial. Tanto a situação (Ruben Márcio) como a oposição (Coaracy) se declaram eleitos já com seus votos suficientes para a vitória.

Dia 23 de janeiro de 1985, o Comitê Olímpico Brasileiro declara seu apoio a candidatura da situação através de uma carta de apoio do vice Presidente do órgão, brigadeiro Jerônimo Bastos, então com 81 anos de idade. Ao explicar seu apoio, o Brigadeiro reconheceu que era por conta de conhecer e trabalhar com o pai de Ruben Márcio há 22 anos e não conhecer o outro candidato. Coaracy Nunes declarou que ao não ser “conhecido” pelo Brigadeiro era a comprovação de que ele estava ultrapassado.

Folha de São Paulo, 24 de janeiro de 1985, dia da eleição. Coaracy Nunes candidato da oposição, advogado, 52 anos, combate a “Dinardia”, nome que ele mesmo criou para os 22 anos de comando de Ruben Dinard a frente da CBN. Coaracy já havia sido vice presidente da FARJ, vice dos esportes amadores do Fluminense e na época ocupadva o cargo de assessor jurídico da FARJ. Ruben Márcio, segundo o jornal, 37 anos, tinha dois anos de experiência administrativa na CBN mas nunca havia exercido qualquer cargo diretivo no esporte.
Coaracy tinha uma proposta para a sua administração baseada em quatro pontos: reorganização da estrutura técnico-administrativa, elaboração de programas de massificação, interiorização e promoção dos quatro esportes aquaticos. Ainda na proposta, um ajuste no calendário nacional deixando-o compatível com o Americano e o europeu. O candidato da oposição anunciava que iria “escutar muito” a ABTN (Associação Brasileira dos Treinadores de Natação) e a UNN (União Nacional dos Nadadores).
Ruben Márcio era destacado pelo apoio forte de nomes como o Presidente da FIFA João Havelange, o Presidente do COB Sílvio de Magalhães Padilha e o seu vice Brigadeiro Jerônimo Bastos, todos apoiando por conta da amizade com o pai do candidato, segundo o jornal.

Folha de São Paulo, 25 de janeiro de 1985, Ruben Márcio ganha a eleição por 13 votos contra 11 de Coaracy Nunes. Ruben Márcio, o novo Presidente, declarou que “nadador não ganha eleição”. Coaracy fez questão de anunciar os nomes dos traidores aos diversos nadadores presentes para que todos ficassem sabendo quais os Presidentes de Federação que haviam prometido votar na oposição e mudaram de opinião: São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo, Rondônia, Piauí e Rio Grande do Norte.

Folha de São Paulo, 1o de fevereiro de 1985. O Comitê OLímpico Brasileiro através de seu Presidente Sílvio de Magalhães Padilha anuncia em nota oficial que não interferiu em nenhuma parte da eleição da CBN.
O candidato derrotado Coaracy Nunes pede que o novo Presidente eleito tenha a dignidade que peça renúncia e anuncie novas eleições por conta das inúmeras irregularidades. Segundo Coaracy, duas Federações não tinham seus estatutos aprovados (Amapá e Pernambuco) e outras duas não tinham qualquer registro no CND (Piauí e Rondônia).


No dia 23 de fevereiro de 1985, o advogado Valed Perry contratado por Coaracy Nunes anuncia que uma intervenção na CBN é bem provável. Segundo o advogado, um total de oito federações estaduais (cinco que votaram em Ruben Márcio e três em Coaracy) estavam com seus estatutos irregulares não aprovados pelo CND e Ministério da Educação. O jornal ainda destaca que a Federação Gaúcha não aprova o seu estatuto desde 1957 e dá um resultado diferente do anunciado anteriormente para as eleições: Ruben Márcio 11 X 9 Coaracy.

Folha de São Paulo, 14 de março de 1985, o assessor do CND Ivan Paixão emite opinião de que as eleições da CBN devem ser anuladas. Os EStados de Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraíba, Roraima e Piauí não poderiam ter participado das eleições. O caso sera julgado até o dia 22 próximo.

Folha de São Paulo, 15 de março de 1985, Coaracy Nunes comenta a provável decisão do CND e ainda contesta o fato das eleições terem sido manipuladas, realizadas na sede do COB onde o seu Presidente e Vice apoiaram a chapa vencedora e o Presidente da mesa ter sido utilizando o voto de Minerva do ex-Presidente Ruben Dinard, que nem membro da mesa era.

Folha de São Paulo, 23 de março de 1985, Ivan Paixão, assessor jurídico do CND encaminha oficialmente o pedido de que as eleições da CBN sejam anuladas por conta de irregularidades em oito federações votantes na assembleia.

Folha de São Paulo, 30 de março de 1985, por seis a dois o CND mesmo reconhecendo as irregularidades das eleições da CBN recusou o pedido de impugnação solicitado pelo advogado Valed Perry representante das Federações do Amazonas, Rio de Janeiro e Pará. Segundo o relator, caso estas federações tivessem de ser impugnadas deveria ter sido feito na assembléia.
Coaracy Nunes ainda não decidiu se irá ou não apelar da decisão para a justiça comum. O candidato eleito Ruben Márcio apenas comentou: “Coaracy é um eterno perdedor”.

Folha de São Paulo, 18 de abril de 1985, as Federações do Pará, Amazonas e Rio de Janeiro entregam um pedido de intervenção ao Ministro da Educação Marco Maciel para anular as eleições da CBN.

Folha de São Paulo, 24 de abril de 1985, o Ministério da Educação envia pela segunda vez um pedido de explicação ao CND pela decisão de aprovar as eleições mesmo com 8 federações votando em situação irregular.

Folha de São Paulo, 7 de maio de 1985, o Ministro Marco Maciel anuncia a intervenção na CBN anulando as eleições de janeiro. Patricia Amorim, nadadora do Flamengo e recordista sul-americana declarou que agora os Presidentes de Federação que votaram no Ruben Márcio devem ter vergonha e votar no Coaracy. Outro nadador, Maviael Sampaio Neto, e representante da UNN no Rio declarou que nunca treinou com tanta motivação como ontem ao saber da decisão do Ministério.
Coaracy declarou que a decisão é a comprovação da chegada da Nova República a natação brasileira.

Folha de São Paulo, 8 de maio de 1985, Maria Lenk, 72 anos de idade, é anunciada como interventora da CBN. Coaracy Nunes já anuncia que está trabalhando em novos votos de apoio enquanto que Ruben Márcio criticou o Ministro Marco Maciel a quem chamou de prepotente.

Folha de São Paulo, 10 de maio de 1985, Ruben Márcio entra com um recurso no TFR – Tribunal Federal de Recursos contra a decisão do Ministro Marco Maciel que considerou illegal a decisão do CND ao aprovar o resultado das eleições da CBN.

Folha de São Paulo, 11 de maio de 1985, Maria Lenk toma posse como Presidente Interventora da CBN. O General Cesar Montagna sugere um nome de consenso para dirigir a natação brasileira e diz que nenhum dos dois candidatos (Ruben Márcio e Coaracy) tem credibilidade para dirigir a natação. Coaracy diz que o candidato de consenso é ele, por conta do apoio que tem de “todos os nadadores do país”. Ruben Márcio diz que prefere esperar pela decisão do TFR para tomar qualquer posição.

Folha de São Paulo, 15 de setembro de 1985, enquanto se aguarda a decisão do TFR as novas eleições da CBN não são marcadas seguindo a interventoria de Maria Lenk. Coaracy Nunes apoiado pela UNN declara que “não há porque ter medo dos atletas, eles são as maiores estrelas do esporte”. Quando assumir a CBN Coaracy prometeu colocar um atleta na comissão técnica da entidade.

Folha de São Paulo, 23 de novembro de 1985, depois de ser afastado da Presidência da CBN em 7 de maio, Ruben Márcio reassume a entidade por decisão do TFR que anulou a decisão do Ministério da Educação.

Não demorou muito a passagem de Rubem Márcio pela CBN. Ele mesmo decidiu fazer um acordo com Coaracy Nunes Filho. Coaracy assumiu a presidência da entidade e Rubem Márcio chegou a FINA como árbitro. Aliás, Rubem Márcio esteve a frente da arbitragem brasileira por 20 anos dentro da administração Coaracy. Afastado por motivos de saúde, Rubem manteve sempre uma boa relação de cordialidade com aquele que trocou muitas farpas durante o período de campanha.

Coaracy Nunes eleito Presidente da CBN em 1988, mesmo ano em que mudou o nome da entidade para CBDA – Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. No ano seguinte, assinava o primeiro grande contrato de patrocínio com os Correios, entidade que até hoje está a serviço dos esportes aquáticos no Brasil.

Coaracy foi re-eleito em 1992, 1996, 2000, 2004, 2009 todas as vezes por unanimidade e aclamação, sem qualquer oposição.

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