quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A saga de Poliana até a quebra de um recorde histórico
E caiu um recorde histórico da natação feminina brasileira! Há 12 anos, em 2001, Nayara Ribeiro estabelecia a nova marca sul-americana nos 1500m livre durante o Campeonato Mundial de Fukuoka: 16min32s18. Desde então, nenhuma brasileira conseguiu superar a marca, que virou recorde nacional depois que a chilena Kristel Kobrich superou o tempo de Nayara em 2004. Quem mais se aproximou da marca em todos esses anos foi Poliana Okimoto. E hoje, ela finalmente conseguiu derrubar esse longo recorde.

Na final dos 1500m livre do Troféu José Finkel, competição que teve início hoje pela manhã no Corinthians, Poliana Okimoto fez uma prova excepcional. Ela não teve dificuldades com suas adversárias, abrindo uma gigantesca vantagem logo no primeiro terço da prova. Sem rivais para se preocupar sua única meta seria bater o recorde nacional que durava 12 anos.
Poliana Okimoto celebra a quebra do recorde nacional nos 1500m livre
E mesmo sem acreditar que isso seria possível, ela conseguiu. Nadou para 16min26s90. “Estou muito feliz pela quebra do recorde, mas sinceramente não esperava esse resultado. Venho de um Campeonato Mundial e tive muitos compromissos fora da piscina nas últimas semanas. Além disso, essa piscina é pesada e tive um princípio de torcicolo no fim de semana, mas graças ao meu fisioterapeuta melhorei”, disse a campeã mundial de águas abertas ao SporTV.
Poliana ainda continuará dando prioridade para as provas em águas abertas, mas não vai abandonar os eventos de piscina. “Se treinar mais especificadamente, acho que dá pra melhorar meu tempo nos 1500m livre. É uma prova difícil, mas para mim é como se fosse um tiro de 100 metros”, finaliza a fundista que nadará ainda os 400m e 800m livre no Troféu José Finkel.
Poliana durante os 1500m livre .
Poliana já havia chegado muito perto do recorde de Nayara, no Troféu Maria Lenk em abril deste ano, quando ficou a pouco mais de meio segundo da marca. Para destacar a importância histórica da performance de Poliana de hoje, é preciso retornar ao ano de 1989: foi quando Patricia Amorim, uma das maiores nadadores do país, ex-presidente do Flamengo entre 2010 e 2012, anotou 16min59s85. Nos 12 anos segunites, nenhuma brasileira abaixou aquele tempo. Isso acontecia, em parte, porque a prova não era disputada em Campeonatos Brasileiros na época. O recorde sul-americano de 16min50s88 era da argentina Alicia Barrancos, de 1994.
Em 2001, a prova foi disputada pela primeira vez em Campeonato Mundial, e a partir de então as atletas passaram a competir a prova com mais frequência. Nayara Ribeiro foi a representante brasileira. Ela passava por grande fase e havia superado o recorde sul-americano dos 800m livre naquele ano. Curiosamente, nunca havia nadado os 1500m livre em uma competição oficial no Brasil, simplesmente porque não existia no programa. Pois no Mundial de Fukuoka, nadou para 16min32s18, destruiu os recordes brasileiro e sul-americano e se tornou a primeira brasileira a disputar uma final mundial na natação.
Nayara Ribeiro, no Mundial de Fukuoka, em 2001: recordista brasileira dos 1500m livre por 12 anos ;.
O tempo durou como recorde sul-americano até 2004, quando foi quebrado pela chilena Kristel Kobrich. Esta pode ser considerada a maior nadadora da história da prova da América do Sul, com dois quartos lugares em mundiais e ainda abaixando seu tempo até hoje, tendo batido seu recorde pela última vez no Mundial de Barcelona, há duas semanas, com um impressionante 15min54s30.
Enquanto isso, o recorde brasileiro ficou estagnado. Para se ter uma ideia da superioridade da marca de Nayara em relação a suas compatriotas, uma brasileira só foi abaixar de 17 minutos em 2008. Ana Marcela Cunha na ocasião fez 16min51s34, 19 segundos acima do tempo de Nayara de sete anos antes. Em 2009, na época dos trajes tecnológicos, Poliana ficou a três segundos da marca de Nayara. Em 2010, mesmo com a proibição dos trajes, Poliana melhorou ainda mais e se aproximou mais do recorde: pouco menos de dois segundos acima, com 16min33s96. Demorou três anos para ela melhorar seu tempo, no Maria Lenk em abril deste ano, chegando mais perto do que nunca: 16min32s85 – 67 centésimos acima do recorde.
Hoje, Poliana fez história. A última vez que o Troféu José Finkel foi realizado no Corinthians havia sido em 2008. Naquela ocasião, Poliana venceu os 1500m, mas foi desclassificada por ter se movimentado na saída. Imaginem nadar 1500 metros para ser avisada no final que foi desclassificada? Pode ser que aquela prova tenha vindo na sua cabeça hoje. Superação é a palavra de ordem para Poliana este ano: após a frustração na prova de águas abertas nas Olimpíadas de Londres, no ano passado, deu a volta por cima e saiu com três medalhas do Mundial de Barcelona. Hoje, mesmo sem preparo específico, superou um recorde histórico. No alto de seus 30 anos, estamos vendo a melhor Poliana de todos os tempos.

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