BOUSQUET: ´SENTI POR NÃO TER CIELO AO LADO NOS TREINOS´
Principal adversário de Cielo nos 50m, Fred Bousquet cumperimenta César Cielo após título do brasileiro em Roma
Fréderick Bousquet é o nadador que nenhum brasileiro quer ver festejando, daqui um mês, no Mundial de Esportes Aquáticos de Xangai (CHN). O triunfo do atleta francês significará, provavelmente, o fim do domínio do grande ídolo da natação do país: Cesar Cielo.
Em entrevista exclusiva concedida por e-mail ao L!, Bousquet fala bastante de Cielo, que foi seu companheiro na Universidade de Auburn (EUA), ambos sob a tutela do australiano Brett Hawke. O francês não esconde a admiração que nutre pelo brasileiro, que o venceu nos 50m e nos 100m livre do Mundial de Roma (ITA). Chega até a compará-lo ao russo Alexander Popov – reconhecidamente o maior velocista de todos os tempos na natação mundial. A partir deste sábado, ele e Cielo já medem forças no Aberto de Paris, prévia do Mundial.
Confira abaixo a íntegra da entrevista com Fred Bousquet:
Você sempre disse que treinar ao lado de Cesar Cielo era muito importante para você. Agora, separados, você sentiu alguma diferença?
Claro que senti! Eu não tenho mais o melhor velocista do mundo treinando ao meu lado. Mas eu tenho sido capaz de ver alguns lados positivos nessa situação. Agora, sou capaz de me concentrar mais em mim mesmo nos treinos, em vez de ver o que ele está fazendo na raia ao lado.
Ainda sobre Cielo, ele é considerado o melhor velocista do mundo. Até quando acha que ele pode manter-se assim?
Cesar tem sido capaz de vencer a todos nas grandes competições nos últimos três anos. Isso não acontece desde Popov! Eu não sei quanto tempo ele será capaz de ficar no topo. Ninguém sabe. E é por isso que eu amo a natação, ela é sempre imprevisível.
Cesar deixou Auburn pois não concordava com o fato de Brett Hawke dividir a atenção entre ele e ser técnico da universidade. Isso é um problema para você ?
Eu compreendo perfeitamente a decisão do Cesar. Quando você tem alguém com tanto conhecimento como seu treinador, você não quer compartilhá-lo. Sabíamos que, assim que Brett se torna-se o treinador chefe da universidade, ele teria muito mais coisas para lidar. Eu também sabia que ele não seria capaz de estar sempre conosco nos treinos, ou então nas competições internacional. Eu estava pronto para aceitar isso e não me arrependo da minha decisão.
A Federação Francesa de Natação não queria permitir a presença de Hawke no Mundial. Como ficou definida essa situação?
Infelizmente, a Federação tinha a última palavra e manteve firme a sua posição de não aceitar Brett na comissão técnica do Mundial. Fiquei irritado e tomei isso como uma falta de respeito com os meus resultados. Não entendo por que eles não querem pôr um de seus atletas nas melhores condições para nadar. Mas tive de aceitar. Parte de ser atleta está na capacidade de se adaptar às situações. Espero que isso não me afete.
A França tinha uma grande equipe de velocistas, sobretudo com você, Alain Bernard e Amaury Leveaux. Agora, vocês estão tentando recuperar esse status. Este é um período de afirmação?
Acho que nossa equipe de velocistas está melhor do que nunca. É uma mistura de caras mais velhos e experientes, com nadadores mais jovens e talentosos. Eu acho que os nossos melhores anos no revezamento ainda estão por vir.
Apesar dos ótimos resultados que você obteve nos últimos anos, você não tem uma medalha de ouro em Mundiais (piscina longa) e Olimpíadas. Isso é uma pressão a mais para o Mundial?
Isso não adiciona qualquer pressão a mim. Mas, definitivamente, aumenta a minha frustração, o fato de estar tão perto do topo, quase tocá-lo, mas não alcançá-lo! Porém, ainda não perdi a esperança.
O que você pode dizer sobre Marcelo Chierighini (brasileiro de 19 anos que também treina em Auburn)? Ele pode chegar ao mesmo patamar de Cielo?
Marcelo é um nadador muito jovem, talentoso, e muito focado. Acho que ele vai chegar rapidamente ao mesmo nível de Cesar e talvez até melhor. Eles não são parecidos. Cada um tem sua própria personalidade, mas são pessoas legais para ter por perto.
Você já é um nadador experiente, com 30 anos. Londres será sua última Olimpíada?
Espero que não. Eu estou muito animado para Londres, onde quero realizar grandes coisas. Tenho achado tão divertido nadar que eu não sinto que estou pronto para virar essa página. O fato de a Olimpíada de 2016 ser no Rio me motiva. Não conheço o Brasil, e adoraria ir até lá!
Como está sua esposa, Laure Manaudou? Ela pensa em voltar a nadar profissionalmente?
Laure está ótima. Ela está gostando de nadar de novo e é um grande passo. Ela nadou bem nos últimos dois meses e está se divertindo sob comando de Brett Hawke. Ninguém sabe o que ocorrerá no futuro. É cedo para falar sobre a volta à natação.
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