DOPING
AUMENTO NO NÚMERO DE MULHERES USANDO HORMÔNIOS MASCULINOS PREOCUPA MÉDICOS
Esteroides, além da masculinização do corpo feminino, podem causar câncer e morte
Maria assumiu usar hormônios masculinos
A presidente da seção Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Vivian Ellinger, observa o aumento de mulheres utilizando hormônios masculinos. Para a endocrinologista, o aumento no consumo está associado ao padrão de beleza reinante em revistas e programas de televisão.
“Observa-se na prática um aumento absurdo”, disse ela, que destacou o fato de não haver como voltar atrás depois do uso, visto que não existe um antídoto. “Infelizmente, essas líderes de opinião, que aparecem intensamente na mídia, tomam anabolizantes. Isso estimula o consumo na população de forma assustadora”.
Prova desse consumo desenfreado, com o agravante de ser feito sem o acompanhamento de um profissional adequado, é uma pesquisa publicada em 2009 na revista Current Opinion in Endocrinology Diabetes e Obesity, que ouviu 500 usuárias de hormônios masculino, nos EUA. O estudo revelou que 78% delas não tinham motivos esportivos para o consumo, 60% usavam doses consideradas muito altas, 99% usavam formulações injetáveis que eles mesmos aplicavam e 13% admitiam práticas de risco, como o reuso de seringas e o compartilhamento de agulhas. Além disso, 25% dos usuários de hormônios masculinos associavam outras drogas aos esteroides, como o hormônio de crescimento, por exemplo.
A professora de endocrinologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Amanda Athayde, chamou a atenção para o risco corrido pelas mulheres que fazem uso de hormônio masculino. Segundo ela, além de afetar a saúde do usuário, os esteroides podem ter efeito contrário, provocando o acúmulo de gordura abdominal.
“Os danos são muitos. Há o aumento de triglicerídeos, colesterol, insulina e da pressão arterial, que podem incidir em uma doença cardiovascular. Os ovários são atingidos, havendo a supressão da menstruação, tornando-as estéreis”, enumerou. “O grau de toxicidade do produto afeta o fígado, levando à hepatite medicamentosa, que pode matar, e torna o indivíduo suscetível a um câncer hepático. O hormônio influencia, também, a parte psicológica, deixando a menina que faz uso mais agressiva”.
O professor de educação física e fisiologista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, vinculado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Gustavo Casimiro, alertou que é possível descobrir quando uma filha ou parente está fazendo uso de hormônio masculino.
“O corpo e o rosto feminino sofrem efeitos masculinizantes. A voz da menina fica rouca por conta da parafonia, causada pela hipertrofia da laringe, que, aliás, é irreversível. O corpo ganha mais pelos, e a pele fica mais oleosa, provocando as acnes”.
Hormônio ganha destaque no Pan do Rio
Nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, a nadadora Rebeca Gusmão foi flagrada pela Federação Internacional de Natação (Fina) em um exame antidoping. A atleta, que conquistou quatro medalhas no Pan, sendo duas de ouro, teve índice anormal de testosterona, hormônio masculino, encontrado em sua urina. Ela, que viria ser a primeira nadadora a conquistar uma medalha de ouro para o Brasil na histórias dos Jogos, tendo ganho outra de ouro e mais duas de bronze naquela edição do Pan, teve todas as medalhas cassadas.
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