De falta d'água a árbitros polêmicos, um coro de reclamações no México
Fila no refeitório e má aparência da comida fazem atletas recorrerem a fast food. Trânsito e aparelhos fora do padrão compõem lista de problemas

da vila do Pan (Foto: Reprodução / Twitter)
Alguns competidores, principalmente estrangeiros, acabaram recorrendo à praça de alimentação na zona internacional da Vila. Está sempre cheia. E dá-lhe fast food. As meninas da natação adotaram outra tática: chegar antes das 12h no refeitório. Outros reclamam da comida, dizem que o aspecto e a higiene não são dos melhores.
Nos banheiros, a água do chuveiro vai do frio ao fervendo, quase queimando. E por vezes para de cair. Douglas, depois de escrever sobre os contra-tempos em uma rede social, explicou.
- Todos os dias falta água. De 7h às 8h da manhã sai muito pouca água da torneira. Então lavo só cantinho do olho e depois escovo os dentes com Gatorade sabor laranja.. Não quis fazer crítica, só relatei o que está acontecendo.

Wenceslau foi um dos que reclamaram da arbitragem
A Vila está apertada para a quantidade de atletas. Quem acaba de competir tem apenas um dia ou dois para deixar Guadalajara. Um problema que, na verdade, começou antes mesmo do início dos Jogos, quando a organização se deu conta de que havia excesso de competidores. O Brasil teve de cortar dois nadadores e, chegando ao México, viu que tinha perdido apartamentos. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB), então, optou, por conforto, por levar algumas equipes, como vôlei, basquete e hipismo, a um hotel.O trânsito e a distância das instalações também preocupam. Nem os quase 200km de pistas exclusivas resolvem o problema. No taekwondo, os brasileiros conseguiram montar um tatame dentro da Vila. E ficaram treinando por lá depois do segundo dia na cidade.
Na competição, as reclamações são outras: os árbitros. Nem o uso de coletes eletrônicos, novidade no Pan de Guadalajara, evitou resultados polêmicos. Márcio Wenceslau saiu de lá chateado. Até o treinador da República Dominicana, que assistia à luta, se manifestou.
- Tiraram a vitória dele. É um ótimo competidor. Não merecia isso – disse José Morán .
No dia seguinte, uma de suas atletas foi derrotada.
- Há favorecimento para países grandes, mas não se pode fazer nada.
Eliminado nas quartas de final, Diogo Silva, que defendia o título na categoria até 68 kg, também não gostou muito da arbitragem.
- Já tivemos dias melhores... Aqui no México o plano não está dando tão certo em relação à arbitragem - disse Diogo, triste por ter de ir embora um dia depois de sua luta.

Angélica reclamou das notas na ginástica rítmica
Na ginástica rítmica, foi a brasileira Angélica Kvieczynski quem reclamou. Não entendia onde os árbitros tiraram pontos em sua apresentação de bolas. Ficou com o bronze.- Com certeza a pressão da torcida influencia – disse a treinador dela, Anna Danielyan.
A ginástica, por sinal, vem sofrendo um bocado. Quando choveu, o ginásio, cheio de goteiras, ficou molhado. Quando o sol abriu, a luz atrapalhou as ginastas. Batia nos olhos, e fez com que algumas de repetir as apresentações nas eliminatórias. No trampolim, o problema foi o aparelho escolhido para os Jogos.
- Normalmente em competição internacional não é esse trampolim. Esse daqui é um pouco mais duro. Quando estava novinho, era bem duro, mas agora está bom – disse Giovanna Matheus.
Nas piscinas, coro de reclamações pelas trapalhadas. Campeão olímpico e mundial Cesar Cielo passou frio na área de aquecimento.

Cielo: treino em piscina de soltura fria
- Eu queria ter comprado uma luva, está muito frio. A piscina de soltura está um Alasca. A de competição está mais quente por causa da arquibancada.Leonardo de Deus quase perdeu uma medalha de ouro porque o árbitro que confere os trajes deixou que ele passasse usando uma touca dele com patrocínio. A organização acabou reconhecendo o erro e voltou atrás, devolvendo a medalha.
- É complicado você ganhar uma prova e, por falta de organização, tirarem uma coisa que você conquistou por mérito. Eu chorei porque, imagina você conquistar uma coisa e tirarem de você, na frente de não sei quantas mil pessoas, e não sei quantos mil brasileiros torcendo, você levando o Brasil nas costas – disse o nadador.
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