Na Travessia dos Fortes, a disputa começa antes do tradicional tiro de canhão que decreta a largada da prova. A competição de natação em águas abertas, que ocorre no Rio de Janeiro e é uma das mais tradicionais da América Latina, está marcada para 3 de abril, mas quem pretende atravessar os 3.800m que separam o Forte de Copacabana do Forte Duque de Caxias (mais conhecido como Forte do Leme) terá de enfrentar antes a corrida para conseguir uma vaga.
Um grupo de cerca de 30 brasilienses está sonhando competir na capital carioca. Mas, para isso, vai precisar ficar ligado quando as inscrições abrirem. Isso porque as vagas são limitadas a 2.500 competidores. E, como a procura entre atletas do Brasil e do exterior é muito grande, elas costumam se esgotar em menos de 24 horas.
A incerteza da participação, entretanto, não desanima os candangos. Tanto os veteranos quanto os estreantes dizem que vão ficar atentos quando as inscrições abrirem. Quem já esteve na Travessia dos Fortes explica por que a competição provoca tanta atração. “A multidão de gente posicionada na largada é emocionante. É como se fosse a São Silvestre da natação. Quando você está lá e ouve o tiro de canhão, fica com a emoção à flor da pele”, descreve Leandro Barbosa, sétimo colocado geral amador e campeão da categoria 35 a 39 anos na edição do ano passado.
Cientes de que o desafio não é fácil — apesar de democrático, por não impor uma distância tão longa —, os brasilienses dedicam-se com afinco aos treinamentos. Faltando pouco mais de um mês para a prova, descanso só aos domingos. Por semana, a carga de treinos de cada um varia de 15km a 25km. De segunda a sexta-feira, as braçadas são nas piscinas, e aos sábados, o jeito é aproveitar para reunir o grupo em um treino coletivo no Lago Paranoá.
“Quando eu propus aos meus alunos fazerem a Travessia dos Fortes, muitos deles nunca tinham nadado no lago. Agora, estão descobrindo a outra parte da natação, que é o prazer de nadar em águas abertas. Os treinos no lago são essenciais como parte da preparação”, afirma Noely Sarmanho, professora da Academia Torp. “A experiência do que é competir no mar, eles só vão saber no dia da prova. Mas aqui em Brasília podem encarar situações de correnteza e aproveitar os dias de vento, que deixam o lago cheio de marolas.”
Apesar de nunca ter competido no mar, João Paulo Pereira, o caçula do grupo, não se mostra receoso. Depois de voltar a praticar natação há cerca de três meses, ele resolveu encarar a disputa. “Entrei nessa ideia de cabeça. Quando você pratica qualquer esporte, tem que ter um objetivo para se manter treinando”, afirma o estudante de 20 anos. “Vai ser um grande desafio completar os 3.800m. Vou ter que saber dosar muito bem o ritmo para não ficar tão cansado. Treinei apenas duas vezes no lago e sei que tenho que treinar muito mais. Mas acho que vai ser uma experiência bacana. Estamos tão animados com a natação em águas abertas que já começamos a pensar nas próximas travessias”, acrescenta.
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